sábado, 4 de junho de 2011

Essa felicidade....

"Essa felicidade que supomos
árvore milagrosa que sonhamos
toda arreada de dourados pomos.
Existe sim, mas nunca a encontramos
porque ela está sempre apenas onde pomos
e nunca a pomos onde nós encontramos."

Fernando Pessoa
Um grande abraço!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sofro por causa...

Sofro por causa do meu espírito de colecionador-arqueólogo .
Quero pôr o bonito numa caixa,
com chave para abrir de vez em quando e olhar.

Adélia Prado

Um grande abraço!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O que eu fui ontem...

O que eu fui ontem e anteontem
já é memória.
Escada vencida
degrau por degrau,
mas o que eu sou neste momento
é o que conta,
minhas decisões
valem para agora,
hoje é o meu dia,
nenhum outro.
Martha Medeiros (meu amor)
Um grande abraço!

sábado, 14 de maio de 2011

O meu mundo não é...

O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais, exijo demais;
Há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante
que eu nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
Sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa,
violenta, atormentada
uma alma que tem saudade...
sei lá de quê!
Florbela Espanca (magnífico)
Um grande abraço!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mantenha-se atrás...

Mantenha-se atrás da faixa amarela,
não chegue muito perto,
não acerque-se de meus traumas,
não invada meus mistérios,
não atrite-se com o meu passado,
não tente entender nada:
é proibido tocar no sagrado de cada um.
Martha Medeiros (meu grande amor)
Um grande abraço!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Toda gente que eu...

Toda gente que eu conheço e que fala comigo
nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
nunca foi senão príncipe-todos eles príncipes-na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Trecho de um poema de Fernando Pessoa (simplesmente magnífico)
Um grande abraço!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Minha alma...

Minha alma é inquieta
Sei, que pareço pretensioso
querendo sentir-me um poeta
não tenho talento pra tanto.
Mas para segurar meu pranto,
escrevo estes rabiscos.
Marcus Joseph
Um grande abraço!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Todos os dias...

Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
Caio Fernando Abreu
Um grande abraço!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os ombros suportam o mundo

Chega o tempo em que não se diz mais: Meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: Meu Amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns. achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade

Absolutamente magnífico, esplêndido, maravilhoso...
Um grande abraço!

terça-feira, 3 de maio de 2011

A impaciência fez...

A impaciência fez acabar os olhares
A sordidez fez acabar os afagos
As dificuldades fizeram acabar os carinhos
A mesquinhez fez separar-se a cama
O egoísmo fez acabar o amor
e o que resta, são corações machucados e solidão.
Marcus Joseph
PS: Gostaria de indicar os filmes baseados nos livros da escritora Jane Austen: "Razão e Sensibilidade", "Orgulho e Preconceito", "Persuasão". São histórias de época muito bem produzidas.

Um grande abraço!


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mais tarde saberia...

Mais tarde eu saberia que certas experiências se partilham - até mesmo sem palavras - só com gente da mesma raça. O que não significa nem cor, nem formato de olho, nem tipo de cabelo, mas o indefinível parentesco da alma.
Lya Luft

domingo, 1 de maio de 2011

O amor é uma confusão...

O amor é uma confusão, o que aconteceu com todo o sentimento?
Eu pensei que era de verdade; bebês, anéis e tolos ajoelhando-se
e palavras de confiança, promessas e vidas extendendo-se para sempre.
Então, o que deu errado? era mentira, desmoronou, figuras fantasmagóricas do passado,
presente e futuro assombrando o coração.

Belle and Sebastian

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sei que estou vivo...

Sei que estou vivo
Porque sinto dor,
tristeza, solidão...
e creio eu,
os mortos
não desfrutam mais
desses prazeres.
Marcus joseph
Um grande abraço!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Deficiências

Deficiente - é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
Louco - é quem não procura ser feliz com o que possui.
Cego - é aquele que não vê o seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para os seus míseros problemas e pequenas dores.
Surdo - é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir os seus tostões no fim do mês.
Mudo - é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
Paralítico - é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam da sua ajuda.
Diabético - é quem não consegue ser doce.
Anão - é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
A amizade é um amor que nunca morre.

Mário Quintana

PS: Grande texto; um dos mestres.
Bem vinda minha sister, a consultora dos meus textos.
Um grande abraço!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Enquanto houver

Meu amor,
os ônibus estão em chamas
tem gente pegando fogo.
Meu amor,
quando chove no verão
sempre tem desabamentos
Meu amor,
de onde vem a ignorância
dentro dessa confusão?
Meu amor,
enquanto isso no congresso
eles roubam o país.
Certamente eles não vão querer
o progresso da nação
e não dormiremos em paz
enquanto houver injustiças
não dormiremos em paz
enquanto houver desigualdades.
Meu amor,
tem gente passando fome
muitos em total miséria.
Meu amor,
se o estado é negligente
quem toma conta da gente?
Meu amor,
as crianças sem escolas
poucos são os hospitais.
Meu amor,
e quando falta educação
como vocês querem paz?
Tico Santa Cruz (Detonautas)

PS: Indico o cd " O Retorno de Saturno" (2008) dos Detonautas. Letras muito boas.
E um grande beijo para as minhas primeiras seguidoras: Prima Mônica e sua amiga Carol.
Um grande abraço.

Velhos caminhos

Viajando em meus pensamentos
Relembro velhos caminhos
Caminhos estranhos, confusos
Que um dia eu passei
Mas tenho hoje em mim
Um coração tranqüilo
Que luta pra entender
As questões do amor
Que luta pra viver
Sem ódio e rancor
Mas as coisas não são simples
Pessoas cruéis
Em meio a todo esse mal
Sinto que não estou sozinho
O Pai Celestial
Me acolhe em seu coração
Porque tenho hoje em mim 
Um coração tranqüilo...
E as coisas se tornam simples
Mesmo num mundo cruel
E as pessoas se tornam simples
Mesmo num mundo cruel.
Marcus Joseph

PS: Esse foi o primeiro texto que escrevi (2007), na intenção de que fosse uma música, quando aprendi alguns acordes de violão.
Um grande abraço.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Meio pão e um livro

Quando alguém vai ao teatro, a um concerto ou a uma festa, se lhe agrada, lamenta que as pessoas de quem gosta não estejam ali. "Como minha irmã, meu pai iriam apreciar", pensa, e desfruta tomado por leve melancolia.
Esta é a melancolia que sinto, não pela minha familia, e sim por todas as criaturas que, por falta de meios e por desgraça, não gozam do supremo bem da beleza, que é a vida com bondade, serenidade e paixão.
Por isso nunca tenho livro, pois presenteio todos os que compro, que são muitíssimos, e portanto estou aqui honrado e contente por inaugurar esta biblioteca do povo, a primeira na região de Granada.
Não só de pão vive o homem. Eu, se tivesse fome e estivesse abandonado na rua, não pediria um pão, pediria meio pão e um livro. Critico violentamente os que falam apenas de reivindicações econômicas, sem jamais ressaltar as culturais, que os povos pedem aos gritos.
Ótimo que todos os homens comam; melhor que todos tenham saber. Que gozem todos os frutos do espírito humano, porque o contrário é serem transformados em máquinas a serviço do Estado, convertidos em escravos de uma terrível organização social.
Lamento muito mais por um homem que deseja saber e não pode, do que por um faminto. Este aplaca a fome com um pedaço de pão ou algumas frutas. Mas um homem que tem ânsia de saber e não possui os meios, sofre uma profunda agonia, porque são livros, livros, muitos livros, de que necessita. E onde estão esses livros?
Livros! Livros! Palavra mágica que equivale a dizer: "amor, amor", e que os povos deviam pedir como pedem pão ou anseiam por chuva após semearem.
Quando Dostoiévski, pai da revolução russa muito mais que Lenin, se encontrava prisioneiro na Sibéria, isolado do mundo, retido entre quatro paredes e cercado de desoladas extensões de neve infinita, em carta à sua familia pedia que o socorressem: "Enviem-me livros, livros, muitos livros, para que minha alma não morra!"
Tinha frio e não pedia fogo; sede e não pedia água; pedia livros, ou seja, horizontes, escadas para subir ao ápice do espírito e do coração. Porque a agonia física, biológica, natural de um corpo faminto, provocada pela fome, sede ou frio, dura pouco, muito pouco, mas a da alma insatisfeita dura toda a vida.
Disse o grande Menéndez Pidal, um dos sábios mais autênticos da Europa, que o lema da República deveria ser: "Cultura". Porque só através dela é possível solucionar as dificuldades que hoje enfrenta o povo cheio de fé, mas carente de luz.
Palavras de Federico Garcia Lorca ao inaugurar a biblioteca de Fuente de Vaqueros (Granada), em setembro de 1931.
PS: Texto extraído da coluna de Frei Betto na revista Caros Amigos, que é minha primeira indicação de leitura.

Inicio

Decidi entrar neste espaço virtual conhecido como blog, por concordar que esta seja uma ferramenta que proporciona a troca de informações, idéias, explanações sentimentais etc. além, claro, de abrir um caminho totalmente democrático para expormos nossos próprios textos ou mesmo de autores que gostamos, como forma de divulgação de belos trabalhos.
Espero que sigam e gostem... aguardo os comentários.